Cheguei a Madrid num Sábado muito frio e tinha à minha espera uma cidade divertida, imparável, cheia de recantos encantadores, gentios muito divertidos e acolhedores que, tal como no estereotipo, falam muito alto, comem Tortilla todos os dias e têm nomes que variam entre Manolo, Javier, Pepe y Paco...
Na Segunda-feira apresentei-me no meu posto de trabalho, uma pequena Fundação com perfil de ONG chamada Africa Directo, que cria e/ou apoia projectos de Desenvolvimento em África e tem como meta investir 100% do dinheiro recaudado em financiamento público, privado e particular.
Ao longo dos 6 meses aprendi muito sobre África e sobre boas prácticas de Desenvolvimento e Cooperação. Os meus “chefes” eram pessoas com um enorme conhecimento empírico e com um respeito muito grande pelos africanos. Mesmo nas situações mais delicadas nunca me pareceu que sentissem pena senão solidariedade e vontade de fazer alguma coisa para mudar. Nunca os vi cobrarem responsabilidades senão respeito.
Os voluntários no terreno enviados pela Fundação vivem nas mesmas condições que os locais, comem a mesma comida e deslocam-se da mesma forma. Não têm os privilégios típicos dos cooperantes e, talvez por isso, tenham uma noção muito grande de África e dos africanos.
Entre as várias tarefas que me foram atribuídas constava o contacto com alguns voluntários no terreno e fiquei fascinanda com a energia que emanavam. Tive o privilégio de conhecer alguns aquando da sua volta e tinham um sorriso contagiante e a alma cheia de algo...
Apesar de África Directo ser conhecida e trabalhar activamente desde os anos 90 eu fui a primeira estagiária que tiveram portanto no inicio estavam mais perdidos que eu e a primeira tarefa que me atribuiram foi a organização do arquivo. Aparentemente era um trabalho aborrecido e típico de um estagiário porém foi como abrir uma porta para um conhecimento ilimitado. Ao analisar cada projecto, ver fotos, ler cartas muito emotivas de profissionais e voluntários em mais de 25 países africanos percebi que a minha Licenciatura jamais estaria completa sem este estágio, sem este contacto com o mundo real e não-académico.
Trazia expectativas e metas pessoais e profissionais que foram excedidas. Ao longo do estágio adquiri algumas competências profissionais e, sobretudo, pessoais. O balanço é positivo. Nem todos os dias foram de alegria porém o esforço e "las ganas" de que tudo corresse bem valeram a pena. Actualmente continuo a colaborar como voluntária com Africa Directo e, o facto de ter aprendido a falar Espanhol, facilitou-me muito a entrada no mercado de trabalho.
O meu Leonardo da Vinci nao foi a minha primeira experiência internacional e, portanto, reitero que é quase imprescindivel sair e conhecer o que acontece e como se trabalha além-fronteiras. Mesmo que os métodos de trabalho sejam, por vezes, muito parecidos, a sensaçao de enriquecimento é unica!
Testemunho de Sónia Garrido Faria, Estagiária Leonardo da Vinci em Madrid